Dia Nacional de Combate ao Fumo: Tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão

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Dia Nacional de Combate ao Fumo
Foto: Irina Iriser/ Pexels

Médica do Grupo Oncoclínicas Belo Horizonte alerta para rastreamento da neoplasia entre fumantes e os perigos do vape.

No Dia Nacional de Combate ao Fumo ficou constatado que o Sudeste é a região do país que concentra os maiores índices de pacientes que buscaram o tratamento para a cessação do tabagismo oferecido pelo SUS. Ao todo, foram mais de 230 mil pessoas, entre 2018 e 2021, do total de 550.205 indivíduos que procuraram pelo serviço, segundo o relatório da Divisão de Controle do Tabagismo, baseado em informações encaminhadas pelas coordenações estaduais e municipais de controle do tabagismo.

De acordo com Flávia Amaral Duarte, oncologista do Grupo Oncoclínicas Belo Horizonte, parar de fumar é a estratégia mais eficaz para prevenir uma série de doenças como o câncer “A fumaça do cigarro tradicional tem mais de 60 carcinógenos responsáveis, especialmente, pelos cânceres de cabeça e pescoço, bexiga e pulmão. No caso deste último, infelizmente, o diagnóstico é realizado, na grande maioria dos casos, tardiamente, reduzindo as chances de cura. São fatores preponderantes para o surgimento da neoplasia de pulmão a predisposição genética, o número de cigarros fumados e a duração do tabagismo”, informa. Vale lembrar ainda que mais de 85% dos cânceres de pulmão são causados pelo tabagismo, conforme revela um estudo sobre o panorama do câncer de pulmão no Brasil, realizado pelo Instituto Oncoguia, embora seja um desafio abandonar um hábito tão danoso.  

“A nicotina é uma substância química extremamente viciante que ativa as áreas do cérebro que produzem sensação de prazer e bem-estar, a partir dos neurotransmissores – dopamina – liberados após sua inalação. Quando os neurotransmissores são associados a hábitos e condicionamentos, ajudam a manter o consumo do tabaco. Assim como ocorre com as drogas ilícitas, na ausência de nicotina o indivíduo sofre de abstinência. Por isso é tão difícil parar de fumar, mesmo com o apoio de profissionais multidisciplinares e o uso de medicamentos”, observa Flávia Amaral Duarte.

De acordo com a oncologista, a maioria dos fumantes apresenta indicação de rastreamento para diagnóstico precoce. “A realização de tomografia computadorizada de tórax com baixas doses de radiação em populações bem selecionadas, reduz a mortalidade por esse tumor. Os primeiros sinais da neoplasia se assemelham aos de outras condições comuns associadas ao trato respiratório, como a tosse, por isso dificilmente é diagnosticado no estágio inicial. Falta de ar, dor torácica contínua, perda de peso sem motivo, hemoptoicos (tosse com sangue) e rouquidão são encontrados em fases mais avançadas da doença”, finaliza.

Febre entre jovens, cigarro eletrônico pode conter mais nicotina que o fumo tradicional

Flávia Amaral Duarte alerta para outra forma de consumo de cigarro que vem preocupando os médicos, apesar de ser proibida no Brasil, os vapes. Surgido na China, em 2003, o dispositivo eletrônico para fumar (DEF) virou febre entre os jovens. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019 (PeNSE) concluiu que 16,8% dos adolescentes do país de 13 a 17 anos já experimentaram cigarro eletrônico.

Outro estudo, conduzido pela Universidade Federal de Pelotas, mostrou que no Brasil os adultos jovens (18-24 anos), com maior grau de escolaridade, apresentaram as maiores prevalências de experimentação, indicando não uma tentativa de cessar um hábito, mas sim, a iniciação/criação de um novo vício.

“O cigarro eletrônico foi lançado baseado na ideia de que ajudaria as pessoas que desejavam parar de fumar, entretanto, a literatura médica sobre esse tópico é conflitante. Com design inovador e diferentes aromas, transmite a falsa impressão de que não é nocivo à saúde. Esses dispositivos, além de conterem diversas substâncias cancerígenas – nicotina, propilenoglicol, glicerina vegetal, saborizantes, aldeídos, metais pesados e nitrosaminas – aumentam em mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional. As novas gerações de vapes liberam maiores quantidades de nicotina, metais pesados e particulados finos do que a quantidade liberada na fumaça dos cigarros comuns”, declara a médica.

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