O que de fato aconteceu com a árvore Ficus Elastica da Praça Dr. Lund.
Há décadas proporcionando sombra e servindo de abrigo para hippies, vendedores ambulantes e moradores em busca de sombra, o reinado da árvore Ficus Elastica foi finalizado no dia 26 de dezembro pela Secretaria de Meio Ambiente de Lagoa Santa. Segundo uma nota oficial divulgada no dia 28 do mesmo mês, após inúmeras cobranças da população e da imprensa local, a prefeitura publicou no site e nas redes sociais a informação de que a árvore passou por vistorias técnicas com o objetivo de avaliar o estado fitossanitário (estado de saúde) da espécie situada na Praça Dr. Lund no Centro de Lagoa Santa.
De acordo com a nota ficou constatado pelos técnicos e engenheiros agrônomos que o fícus, apresentava raízes adventícias apodrecidas, casca desprendendo do tronco, copa ampla com vários galhos secos, com grande risco de queda sobre veículos e transeuntes. Constatou-se ainda que não haviam possibilidades de tratamento com fungicidas e/ou inseticidas devido ao alto índice de apodrecimento do sistema radicular e, como as raízes são superficiais, cresceu consideravelmente o risco de queda.
Ninguém gostaria de ver uma árvore daquele porte tombar não é mesmo? Resolvemos conversar com especialistas para ouvir uma segunda, terceira opinião. O tenente Pedro Aihara do Corpo de Bombeiros que explicou que árvores em locais públicos são de responsabilidade da prefeitura. “Caso haja queda de um galho que obstrua a via ou risco eminente, ai sim o Bombeiros atua, fora isso, é a prefeitura quem se responsabiliza. Para poda ou supressão (corte na raiz) é necessária autorização do órgão responsável”, explicou.
Procuramos também o técnico em licenciamento ambiental e manejo de vegetação urbana, Edgar Amarante Caldeira Diniz, da empresa Licenciar Consultoria Ambiental, que esclareceu sobre riscos e maneiras menos devastadoras de “resolver” o problema.
Edgar disse que quando se acompanha a evolução de infestação de determinadas pragas às vezes é possível um manejo menos agressivo. “Devemos levar em conta que essa espécie é exótica e se adapta bem ao local de plantio, mesmo quando não é endêmica da região. Porém, ela pode começar a definhar por vários fatores, tais como: infestação de insetos e fungos, solo impróprio a espécie, compactação do solo e redução da área de infiltração (área livre ao entorno do tronco).”, pondera.
O técnico falou ainda que a população deve entender que mesmo uma árvore fazendo parte da história da cidade, pode haver situações adversas e, em algum momento, infelizmente, é preciso haver o manejo por parte da gestão pública. “Essa árvore já passou talvez por sessenta anos, competindo e se defendendo de organismos que poderiam ser maléficos a ela. Em um determinado momento houve talvez um desequilíbrio ecológico que a árvore não resistiu a infestação de pragas.”, explica.
Edgar disse que a poda ou corte é o manejo mais barato e quando é realizado, muitas vezes, é por causa da gestão pública que deixou de acompanhar o desenvolvimento da árvore. “O descaso acontece por orçamentos mal dimensionados, recursos perdidos, planejamento inadequado de manutenção. Uma árvore urbana deve ser cuidada desde o seu plantio até a sua substituição. Ou seja, árvore urbana deve ter começo meio e fim programado, com agenda de substituição e plantios antes da remoção do espécime. Não se deve esperar começar a cair galhos ou infestar de pragas para cortar. Tem que haver manejo adequado”. A diretora de Meio Ambiente Jussara Rodrigues Carvalho Viana não retornou nossos e-mails e ligações.